Tuesday, January 23, 2007

Fevereiro dura uma semana na Lux

Pois é... Fevereiro não dura o ano inteiro neste caso. Dura apenas uma semana na revista Lux. O que já não é nada mau!! Desde já tiro um minuto para agradecer a uma grande amiga. Inês muito obrigado pela oportunidade!


Vamos por partes então. Primeiro as fotos e depois a dita entrevista.

Aos 23 anos, Bruno Fevereiro é um rapaz igual a tantos outros da sua idade. Gosta de sair à noite com os amigos, de ouvir música, de agarrar na prancha de surfe e apanhar umas ondas para relaxar, de sofrer pelo Benfica... Mas tem algo que o diferencia dos outros: a paixão pelos abat-jours, que pinta, desenha, recupera ou recria. Apesar de gostar de desenhar e pintar desde criança, este foi um talento que descobriu por acaso e por "culpa" da mãe, que é hoje a sua maior fã e crítica.

LUX - Como é que os abat-jours entraram na sua vida?

Bruno Fevereiro - (risos) Não digo que tenha sido uma brincadeira, mas foi do género. Sempre gostei de pintar e de fazer quadros, desenhos e esculturas. Um dia, a minha mãe entrou pelo meu quarto com um abat-jour grande e velho e pediu-me para dar um jeitinho àquilo, senão teria de o pôr no lixo.

LUX - Então a sua mãe é a grande "culpada"?

B. F. - (risos) É verdade! Peguei numa caneta de acetato, que era o que tinha à mão, e comecei a desenhar. No dia seguinte, cheguei a casa e tinha mais três pequenos abat-jours para recuperar. E foi assim que começou.

LUX - Foi um "passa a palavra" entre amigos?

B. F. - Sim. Depois a moda pegou, e um dia, uma tia levou-me à feira El Rastrillo, no Centro de Congressos de Lisboa, e foi aí que vendi a maior parte.

LUX - E foi então que percebeu que, afinal, não se tratava apenas de um passatempo?

B. F. - Sim, percebi que poderia ser bem mais interessante e divertido porque podia personalizar cada abat-jour.

LUX - Acaba por desenhar em função daquilo que as pessoas lhe pedem e consoante a sua personalidade...

B. F. - Sim, mas no início queria que cada abat-jour fosse único, porque acho que não há nada mais aborrecido do que ir a casa de alguém e ver coisas iguais às nossas. Queria personalizá-los, mas à medida que o volume de trabalho foi aumentando, fui percebendo que era difícil fazer isso.

LUX - Há alguém na família com veia artística?

B. F. - Há pessoas que fazem uns rabiscos aqui e ali, mas que eu saiba - e se estiver errado o meu avô vai zangar-se comigo -, não há ninguém com essa dita veia artística. Mas desde miúdo gosto de desenhar bonecos e, na escola, quando chegou a altura de escolher a área a seguir, um professor perguntou-me qual ia escolher. Respondi-lhe que não sabia, mas que gostava de desenhar e então ele disse-me para ir para Artes. E assim foi!

LUX - Foi um feliz acaso?

B. F. - Sim, mas que acabou por direccionar toda a minha vida.

LUX - E em que é que se inspira?

B. F. - Às vezes vou na rua, vejo uma coisa de que gosto e acho interessante, tiro uma fotografia com o telemóvel, chego a casa, passo para o computador e depois vejo os traços e a partir daí formo uma ideia. Ou quando vejo alguém com uma t-shirt engraçada, imagino logo aquele padrão num abat-jour. Mas tudo serve de inspiração, desde um livro a um papel amarrotado no chão.

LUX - E como é que a sua mãe, a grande culpada, vê este seu trabalho? Se calhar, agora já não tem tempo para pintar as coisas dela...

B. F. - De vez enquando, traz uns cá para casa e pede-me para pintar porque é para oferecer a uma amiga... A minha mãe sente-se orgulhosa pelo meu trabalho e por ver que a minha vida está a seguir um rumo interessante e diferente do da maior parte das pessoas. Está sempre a incentivar-me e é também a minha maior crítica. Sempre que tenho uma coisa nova, é a ela que mostro em primeiro lugar.

LUX - Se pudesse, gostaria de viver só da pintura de abat-jours?

B. F. - Para viver só disto teria de ter uma fábrica e ter muita gente a trabalhar lá, e deixava de ser o "abat-jour Fevereiro". É que, entretanto, inventei um slogan a brincar com o meu nome, que é: "Abat-jour Fevereiro dá-lhe luz o ano inteiro", mas parece-me impossível viver só disto e, por isso, quero tirar um curso ligado ao design ou a som e imagem.

LUX - E já se imaginou a pintar outras coisas para além de abat-jours?

B. F. - O abat-jour foi uma espécie de acidente. Já fiz uma experiência numa porta para fazer uma escultura tridimensional e gostei muito do resultado final. Qualquer coisa pode ser reutilizada e ser o começo de uma outra. Recentemente, houve uma pessoa que viu os meus abat-jours e pensou neles para papel de parede . Vamos ver como resulta.

LUX - Se Lisboa fosse um abat-jour, que cores é que tinha?

B. F. - Muitas! Lisboa não é só dos lisboetas, mas também de muitos turistas. Há coisas muito portuguesas mas também muitas estrangeiradas. Seria um mix de cores e formas e, se possível, até de sons!

E pronto os meus 15 minutos de fama...